NÓS NÃO VAMOS DEIXAR!!!!!!

Um dia eu estava andando pelas ruas de Lisboa e parei num bar onde todo brasileiro que está em Portugal vai para tomar uma tal de gingina um tipo de licor... Passei alguns minutos ali na porta com meu copinho de gingina. Havia na calçada dois senhores já de meia idade discutindo sobre se o governo de Portugal devia ou não mandar soldados para o Iraque, naquela época de guerra. Em um dado momento me chamou atenção quando um dos senhores disse: Nós não vamos deixar. Confesso que na hora pensei... O senhorzinho tomou todas as ginginas... Que papo é esse de nós não vamos deixar...Eu queria participar da conversa mas estava apressado porque naquela tarde eu iria realizar meu sonho de andar de trem pela Europa... Triste engano minha viagem não seria mais naquela tarde. Quando retornei ao centro para pegar o transporte para a estação vi a cena mais impressionante da minha vida até sentir novamente agora a mesma emoção daquele dia. Haviam cem mil portugueses ou mais sei lá gritando que aquela nação não mandaria seus homens para uma guerra que diziam não ser deles... Foi uma emoção inexplicável estar ali naquele momento. Então... Eu compreendi o que aquele senhor de cabeça branca disse: Nós não vamos deixar... E eu queria rir dele. Achando que ele estava tonto de tanta gingina... Tonto era eu que achava que a vida tem seu próprio ritmo e que por ela somos levados... Hoje acredito que é o sonho que deve nos mover. Não devemos parar de sonhar nunca... Quando retornei ao Brasil não fui direto para minha cidade natal... A vida me levou para outra região... E nesse negócio de deixar a vida nos levar perdi a oportunidade de contar essa história para meu pai porque ele havia falecido inesperadamente em um acidente de trânsito. Não tenho filhos ainda. Mas quando tiver quero falar daquele dia em Portugal e desses dias que estamos vivendo hoje aqui no Brasil.

Sou da região mais pobre do estado de Minas Gerais, o norte do estado. Quase Vale do Jequitinhonha. Gosto de administração, economia e sou apaixonado por caminhão, filho único de um açougueiro e uma dona de casa. Não tenho riqueza, mas, chegarei tão longe quanto puder sonhar.                                                                                                           (TEXTO DO SR:Chris Christoffer: